segunda-feira, 29 de maio de 2017

O vôo dos pássaros 🕊

“O vôo pode ser visto, mas não pode ser dito. O vôo dos pássaros está além das palavras. Quando os poetas falam sobre o vôo eles não estão dizendo o vôo. O poema é o dedo do poeta apontando para o vôo do pássaro que está além das suas palavras”.
— Rubem Alves, em “Dogmatismo & Tolerância”, pg.9

sábado, 27 de maio de 2017

Escorregar nos becos .

Prefiro escorregar nos becos lamacentos, Redemoinhar aos ventos, Feito farrapos, arrastar os pés sangrentos, A ir por aí... Se vim ao mundo, foi Somente para desflorar florestas virgens, E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada! ☝🏾#SejaIcm #IcmQueer

Tomou conta de mim

Tomou conta de mim
O esplendor do dia tomou conta de mim e o brilho do sol foi se colando à minha alma como purpurina perfumosa.
Deus surgiu da laranjeira florida, de mim e dos bichanos rolando no chão, num sorriso grandão, brincando solto na brisa fresca da hora. Tudo foi sendo resolvido no compasso de uma modinha de viloa ouvida ao longe. Nada pendente que não fosse tomado pelo rabo e soprado ao éter. As dores colecionadas pelo corpo cansado da faina, os sustos tomados nas escuridades do caminho, a fome que o egoísmo permitiu, a solidão aguda dos descabidos na vida; a cura foi total.
É assim que sinto o mundo-em-Deus, é de tal forma que há de ser por igual o achegar de Deus para ver a Sua obra tão bem feita que somos nós.
Há algum argumento contrário? Não mais...
Onaldo

quinta-feira, 25 de maio de 2017

Espiritualidade Nova

Venho descobrindo uma espiritualidade nova e diferente. Experimentando Deus em mim e buscando o sentido da existência, fiz uma longa peregrinação. As religiões que conheci nesse caminho, sempre começam dizendo que o ser humano e o mundo têm um defeito grave e oferecem um remédio caro, trágico e precário. O Deus que essas religiões apresentam é fraco e perde as suas criaturas para um suposto mal. Elas são dominadas por mestres, sacerdotes, pastores e médiuns. Exigem sacrifício, adoração e obediência. Descubro a cada dia a espiritualidade da vida, da celebração, do amor e da bondade. A que aprecia Deus que não perde nenhum ser, não castiga, não tem mandamentos e nem intermediários. Essa é a espiritualidade da Boa Vida. Eu a descubro naturalmente, dentro de mim e ao meu redor e, mesmo em todas as religiões da humanidade. Aqui, partilho essa experiência com você, sem nenhuma presunção ou orgulho, mas como celebração da alegria que ela traz. Convido você a descobri-la e a cultivá-la também!
Onaldo

quarta-feira, 24 de maio de 2017

Salvar Almas .

É interessante que os evangélicos tradicionais, tipo os batistas, anglicanos, luteranos, metodistas e presbiterianos estão, hoje em dia, preferindo ser conhecidos como protestantes ou pelo nome de suas denominações. Alguns chegam ao ponto de mudar o nome de suas instituições. Vários hospitais evangélicos estão passando a ter o nome da denominação a que pertence. Exemplo disso, o Hospital Evangélico de Rio Verde, o maior do gênero no Estado, passou a chamar-se Hospital Presbiteriano Dr. Gordon.
Eles estão com vergonha da palavra evangélico e tudo o que ela significa agora; isto um pastor, primo meu, me afirmou. Os menonitas, se perguntados se são evangélicos, dizem: "não, somos cristãos!"
As diferenças entre as igrejas eram doutrinais, uns batizam crianças, outros só adultos, uns creem na predestinação, outros no livre árbitro As de hoje creem todas as mesmas coisas, mas se dividem pela bufunfa envolvida, cada pastor quer um rebanho rendoso, só para si!
Quando os evangélicos tradicionais abriram missões no Brasil entraram num acordo; os presbiterianos fundariam hospitais, os metodistas escolas superiores e os batistas colégios, nas capitais todos fariam de tudo. Naquela época, missão significava atender às necessidades da pessoa inteira, não apenas "salvar almas". Hoje, qual das mega-igrejas fundam universidades e hospitais, embora nadem em dinheiro?!
Onaldo

Envelhecer 🙌

Circulam pelas redes sociais afirmações de que ninguém fica velho. Velho é quem para de gostar da vida, dizem.
Já, eu, gosto muito de envelhecer! Penso que a vida faz um longo caminho e cada momento dele tem o seu valor.
Estou envelhecendo plenamente, consciente disto e aproveitando cada passo rumo ao crepúsculo desta manifestação da vida.
Não vou estar na melhor ou na terceira idade, serei velho mesmo e, aberto aos arqueólogos que me queiram estudar o coração e o corpo. Tenho coisas raras e interessantes para mostrar.
Então, qualquer dia desses, estarei em glória, numa nova e permanente manifestação da vida!
Onaldo

terça-feira, 23 de maio de 2017

Religiões ⛪

Muitas religiões vivem de querer alienar a responsabilidade de Deus, tirando de sua alçada o destino (que no caso só pode ser bom, já que a bondade é a justiça divina) dos seres que Deus agora cria. Tal profissão de fé, negativa e sem segurança, define a qualidade do trabalho piedoso de quem a professa. Tudo é feito para se perder, já que não existe a expectativa de que tudo ficará bem com todos. A própria proclamação da "boa nova" de salvação é tida como "perdição" para os que nela não creem. A ideia de que algum ser carece ser salvo já diz que Deus não é responsável pelo que cria ou pela liberdade que concede.
Onaldo

Sintonia com Deus

Nunca estive em tão perfeita sintonia com Deus, a vida e o mundo,
e espantado com a bondade e a solidariedade humanas, quanto agora,
embora embriagado de dor e de indignação e sofrendo mais que nunca.
Este mal que padeço apenas realça a sublime beleza da Vida,
e tudo está muito bem!
Onaldo

segunda-feira, 22 de maio de 2017

A Religião

A Religião, em sua manifestação mais genuína atiça em nós mais bondade, compaixão, amor, generosidade, justiça curativa, beleza, leveza, liberdade, universalismo e graça.
Se alguma hierarquia, livro sagrado, religião, rito ou mística se puser no meio do caminho, atrapalhando, varre-os para longe e, verá, então, Deus sorridente!
Onaldo

domingo, 21 de maio de 2017

Cai.

Cai, o Rei de espadas
Cai, o Rei de ouros
Cai, o Rei de paus
Cai, não fica nada!

Importância

Obter, conseguir, que importância tem isto?
Só vale mesmo o dia que corre, o encontro de agora, o que me vai ao coração e à boca neste momento.
O resto é fantasia danosa!
Onaldo

Aproveito o escuridéu

Muita paz!
Aproveito o escuridéu da madrugada para olhar para dentro de mim mesmo, onde sempre lumia Deus.
O maior de meus quereres, talvez o único que valha algo, está sempre  a ser parido, desda que primeiro orei na vida.
Sofro as dores do parto e me regozijo com a novidade que se aprochega, mas demora.
Ontem, bem na boquinha banguela da noite, tive uma experiência numinosa. Saíramos a ver o desmanchar do sol em cores  alumbradas e moleques, os bichos donos da casa e eu, a minoria humana da turma, quando demos com uma jiboia visivelmente caduquinha. Ela atravessou o nosso espanto, gatos pelos eriçados, cachorros rosnando e eu sei lá o que, passando por de cima de um dos meus pés, numa boa, lenta como o mundo. Deus, desenhado com bordas abertas, ali naquela cena, sorriu molequinho doido.
Na berma daquele trieiro fiquei até agora, em espírito alevantado...
Tenhamos uma semana de ser bondade para o mundo!
Abraços,
Onaldo

sábado, 20 de maio de 2017

Nossa farinha .

Nossa farinha tem sido
O pão sagrado do norte
Por ser nutriente forte
Mantém seu filho nutrido
Ate pra recém-nascido
Serve de alimentação
Para toda população
Direi com toda certeza
A região de princesa
Alimentando o sertão

A farinha tão famosa
Que sai desse povoado
Terá seu nome gravado
De farinha saborosa
Alvinha fina e gostosa
Cheirosa e bem torradinha
Pra se comer com galinha
Com leite ou com carne assada
Lagoa esta consagrada
A campeã da farinha

Poeta Lucas Correia

A serenidade 💗

A serenidade é uma das capacidades humanas mais importantes, principalmente em um mundo que nos instiga a sermos ativos, fortes, produtivos e vencedores e só produz stress e doenças correlatas. Precisamos recuperar a capacidade de viver com pouco, aceitar as frustrações comuns à vida e, a nem sermos vencedores nem perdedores, apenas expectadores.  Aprender a sermos anônimos em uma sociedade fascinada pelo nome grande, pela fama.
A vida interior pode ser mais satisfatória e plena que qualquer grande vitória exterior, se tão somente formos serenos.
Onaldo

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Descanse em paz Jean Cabral ICM - FORTALEZA

Quem sabe o que é ter e perder alguém
Quem sabe o que é ter e perder alguém
Quem sabe o que é ter e perder alguém
Sente a dor que senti
Quem sabe o que é ver quem se quer partir
E não ter pra onde ir

Faz tanta falta o teu amor, te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim

Quem sabe o que é ter sem querer pra si
Não quer ver outro em mim
Não fala do que eu deveria ser
Pra ser alguém mais feliz

Faz tanta falta o teu amor e te esperar...
Não sei viver sem te ter
Não dá mais pra ser assim

Éramos três loucos  pela vida.
Restou a dor 😭😢 POEMA PUBLICADO POR ROBERTO UCHOA NO FACE PELO FALECIMENTO DE JEAN CABRAL .

Lágrimas

Poema lágrimas Eu sou quem sonha Eu sou quem quer sonhar, Minha vida um pesadelo Nas mãos de quem só sabe me odiar, Não vejo arco-íris Vejo nuvens cinzas Sem gotas de chuva Para com minhas lágrimas misturar, Sou a culpa das tragédias Só pelo fato de existir A nação que leva a Bíblia Só quer me crussificar, Eu planto flores As coloco atrás da orelha, Eles me pisam porque não vêem na flor beleza, Sou quem sonha Em mundo que não serei entulho Para numa carriola acabar Sou mais, sou artista, sou professora, sou doutora sou a margem, Mas só enxergam a praga a desfilar, Sou mais que seus olhos Que só sabem discriminar, Sou filho, filha da Deusa Sou cores a brilhar Deus não tem um pênis Nem uma vagina para me representar Ele é apenas minha força trans Minha alegria de cantar, Quero sonhar que LGBTs Possam viver Sem medo sem carriola a o esperar, A carriola ! está vazia. Meu sangue ainda está lá, Chega!! chega !!! de me matar. Vamos juntos amar, Obrigada , por não me maltratar. Autor: Reverendo Célio Camargo

Lance pérolas aos porcos 🐷

Lance pérolas aos porcos, por que guardá-las? Que valor elas têm, de fato?
É só jogá-las de longe que não será mordido.
Querendo-as de novo e só lavar o esterco deles e, lá estarão, intactas, as pérolas.
Julga definitivo o estado dos porcos, sem remédio a sua situação? Como ousa tamanho orgulho e arroga tal julgamento? Quem pode afirmar que os porcos não gostam de pérolas, nem que seja para as devorar?
Que preconceito o leva a ver os porcos com esses olhos?
São preconceitos assim que pioram o mundo!
E você, sabe o valor de um porco? Não valeria ele mais que as suas pérolas?
Onaldo

Sejamos bem felizes 🌞

Bons dias!
Sejamos bem felizes no dia que corre.
Lembrando sempre, ser feliz é ter recebido o dom da vida!
Dessa felicidade, fazem parte a alegria e a tristeza, o prazer e a dor.
Todos esses momentos essenciais, nos "minutos" em que desempenhamos o
nosso papel no palco da existência.
Aceitar isto, nos ajuda a deixar ser, a viver melhor e a melhorar o mundo!
Abraços alados, para chegarem a cada um!
Onaldo

quinta-feira, 18 de maio de 2017

A revolução

As revoluções duram semanas, anos; depois, durante dezenas e centenas de anos, adora-se, como algo de sagrado, esse espírito de mediocridade que as suscitou BORIS PASTERNAK

Verão da cidade

VERÃO NA CIDADE
Conversas a meia voz,
E esse gesto impetuoso
Com que afastas os cabelos
De cima do teu pescoço.
E sob o brilho do pente
É que aparece o olhar,
Debaixo do capacete
Dos cabelos ondulados.
A noite quente, lá fora,
Faz prever um aguaceiro.
Dispersam-se os caminhantes,
Matraqueando os passeios.
Do estrondo da trovoada
Ouve-se rolar o eco.
E o vento faz ondular
As cortinas da janela.
Vem a seguir o silêncio
Mas sufoca-se, e não cessa,
Intermitente, a presença
Dos relâmpagos no céu.
Quando por fim a manhã,
Cintilante, vem secar,
Nas bermas e nas valetas,
A água da tempestade,
Só as tílias seculares,
Cheias de perfume e flor,
Nos olham com o olhar
De quem passou mal a noite.
BORIS PASTERNAK

Nereida 💗

NEREIDA
Nereida! Onda!
Ela. Eu. Nós dois.
Nada além de
Onda ou náiade.
Teu nome, tumba,
Reconheço, onde for,
Na fé - o altar, no altar - a cruz.
O terceiro, no amor.
MARINA TVSETAEVA

Sobre a poetisa Marina Tsvetaeva 💋👄

Marina Tsvetaeva nasceu em Moscou em 1892 e, após uma vida condicionada por trágicas circunstâncias, suicidou-se em Kazan, em 1941. Filha de um filólogo ilustre, de origem plebéia, professor universitário e fundador do Museu Puchkin, e de uma musicista, de ascendência alemã, aristocrata, teve sua infância marcada, como ela mesma diz, pelo exemplo de dedicação ao trabalho e pelo culto à natureza (pai), ao mesmo tempo que pelo amor à música e à poesia (mãe). Aos dezesseis anos tem seu primeiro livro de poemas acolhido pela crítica (Volóchin, Briussov) como uma revelação.
A partir deste momento abandona seus estudos musicais e dedica-se
em definitivo à poesia. Conhece a fundo a lírica européia de seu tempo (especialmente a alemã e a francesa), mas são seus conterrâneos (Blok, Akhmatova, Biéli, Mandelstamm, Maiakóvski), a
Rússia e seus temas que suscitam a pujança de sua expressão poética.
Força e refinamento junto de uma intrigante angulosidade e diversidade de estilo e de argumento, aliados a uma expressão rítmica das mais felizes situam-na, na moderna poesia russa, entre seus últimos grandes representantes: Pasternak, Mandelstamm e Akhmatova.
Apresento aqui, numa tentativa de tradução, alguns poemas
seus que acreditei representativos.
Aurora Bernardine publicada na Revista ATRAVÉS 1
de janeiro de 1983 - Editora Martins Fontes

A vida 🌲

À VIDA
Não roubarás minha cor
Vermelha, de rio que estua.
Sou recusa: és caçador.
Persegues: eu sou a fuga.
Não dou minha alma cativa!
Colhido em pleno disparo,
Curva o pescoço o cavalo
Árabe -
E abre a veia da vida.
MARINA TVSETAEVA

A carta 🏠

A CARTA
Assim não se esperam cartas.
Assim se espera - a carta.
Pedaço de papel
Com uma borda
De cola. Dentro - uma palavra
Apenas. Isto é tudo.
Assim não se espera o bem.
Assim se espera - o fim:
Salva de soldados,
No peito - três quartos
De chumbo. Céu vermelho.
E só. Isto é tudo.
Felicidade? E a idade?
A flor - floriu.
Quadrado do pátio:
Bocas de fuzil.
(Quadrado da carta:
Tinta, tanto!)
Para o sono da morte
Viver é bastante.
Quadrado da carta
MARINA TSVETAEVA

Apreciação da Bondade ( texto )

De cerca de 1524 a 1697 a Europa se engalfinhou em uma série de guerras de religião, entre católicos e protestantes e entre facções do mesmo grupo, como luteranos e anabatistas. A mortandade atrasou o desenvolvimento social, científico e humano do Ocidente, criando um clima de terror e de estagnação sem igual. Só na noite de São Bartolomeu, na França, em 1572, estima-se que 30 mil huguenotes morreram.
Depois, as igrejas dos lados antagonistas abençoaram e acompanharam as I e II Grandes Guerras, orando uns pela vitória de Hitler outros, pela dos Aliados.
O coronel Paul Tibbets Jr., piloto do Enola Gay, (assim batizado com o nome de sua mãe) orou fervorosamente, antes de lançar a primeira bomba nuclear sobre Hiroshima, no dia 6 de agosto de 1945. E, até morrer ele se considerava um instrumento de Deus naquela façanha e, com ele concordava a maioria absoluta dos cristãos dos USA.
A igreja, que era para ser una (João 17: 20-23; Efé. 4: 4-6; Col. 1:18; ICor. 12; ICor. 1:10;. E a quem diferisse dessa unidade, não se deveria receber em casa ou saudar e, nem com tal pessoa comer. II João, 1:10; ICor. 1:10.), com um só batismo e uma só doutrina, nunca mais foi a mesma e, continuou se subdividindo até chegar ao frenesi de rachas atual, parecido à multiplicação de células cancerígenas. Quando cada pastor cria a sua própria igrejinha, visando interesses inomináveis.
Enquanto a igreja cristã não se curar desse escândalo de desunião e não se arrepender e fazer reparação dos males que causou e causa, não terá moral para ensinar mais nada, muito menos ser homofóbica!
Onaldo

Apreciamos a benevolência ❤💛💙

Apreciamos a benevolência
que se abre em oferta de si
como uma flor
faz-se toda polem e néctar
para abelhas e borboletas
artesãs do amor.
Seja assim a nossa benevolência
como a mais dada flor
doida de amor.
Onaldo

terça-feira, 16 de maio de 2017

Fogão Dako - Tati Quebra Barraco

FOGÃO DAKO - TATI QUEBRA BARRACO

Entrei numa loja
Estava em liquidação
Queima de estoque
Fogão na promoção
Escolhi da marca DAKO porque
Dako é bom
Dako é bom
Dako é bom

Calma, minha gente, é só a marca do fogão!

Certamente, este poema choca qualquer puritano do bom gosto e da boa arte, sobretudo quando o vê tratado como poema. Um lugar comum na teoria literária é definir a literatura a partir do efeito de estranhamento que ela produz na linguagem. Como define Barthes, a linguagem não é nem reacionária, nem progressista, mas fascista, pois o fascismo não é impedir de dizer, mas obrigar a dizer. A linguagem no seu cotidiano leva o falante à aceitação obrigatória de sua estrutura para a completa comunicação, naturalizando e recalcando na linguagem suas taras, neuras, traumas e medos. A literatura é efeito de estranhamento à medida que perturba esta aceitação obrigatória. No caso do poema acima, um produto de consumo com nome "Dako" é disposto de forma tal que na oralidade produz um outro sentido que não o esperado. Este outro sentido, pela própria organização sintática, sexualiza o enunciado e, mais que isso, evidencia uma sexualização não reprodutiva e, portanto, não limitada à norma da heterossexualidade, mas passível de prática independentemente da orientação sexual. O efeito de estranhamento na palavra "Dako" é fazê-la evidenciar as neuras sociais do sexo como prazer que não dependa das instituições como Família, Casamento, Igreja, Estado. Mas, obviamente, continuaremos a dizer que não é poema, muito menos uma letra que seja digna de ser chamada de música, porque ela é negra, periférica, imoral e anárquica. Não aceitamos como poesia, porque reivindicamos uma poesia que não seja perturbadora, que não seja literatura, que não lance em nossa cara os nossos monstros simbólicos. Não aceitamos, porque já admitimos a morte da poesia. Mas, como diz a cantora: "calma minha gente é só a marca do fogão". DARIO NETO.💛

Mil caminhos ofertados ❤

Mil caminhos ofertados
braços mil acolhendo
a chegada é uma
e a conclusão uma só
para que não nos arroguemos
escolha especial
ou salvação alguma
renovemos em nós a certeza
que juntos somos feitos
e, lá só um chegará!
Onaldo

Perplexo,prossigo levo a luz ❤

Perplexo, prossigo
levo a luz
não posso parar.
Com minhas lágrimas alimento
as sementes de um futuro melhor
gemo porque carrego tesouros de amor
sofro a labuta de hortas viçosas.
O drama que padeço é o do mundo
e sei que o desfecho de tudo
por Deus é elaborado
com alegrias ainda desconhecidas
acolhimento inusitado.
Prossigo, levo a luz
que ilumina a esperança.
Onaldo

segunda-feira, 15 de maio de 2017

Ou somos ovelhas,mansas e humildes.❤

Ou somos ovelhas, mansas, humildes, de joelhos e sendo consoladas pelo cajado do pastor, ou somos cabritos rebeldes, pulando cercas e sem possibilidade de sermos pastoreados. No campo, o trigo misturado ao joio, mas o único a ser aproveitado na colheita. Filhos da luz ou das trevas. Salvos ou perdidos. Não se reconhece quem tem em si cabrito e ovelha, joio e trigo, o luscofusco das horas extremas, que somos todos os humanos.
Espremido contra a parede, prefiro ser o comum, a mistura, o morno, que assim estarei com todos e não com uma ficção perigosa e danosa para a saúde espiritual e mental da humanidade.
Conheço Deus como responsável pelo que inventa e incapaz de perder uma só de Suas criaturas, dono de um amor que torna impossível qualquer separação!
Onaldo

Só aquela flor.❤

Só aquela flor, toda flor de si mesma, faz-me curvar
para vê-la de perto, desfrutar seu aroma
quando me levanto a trago em mim
imorredoura no seu singelo ser.
Não me curvo ante Deus, pois Deus é em mim
nem diante de guias, mestres ou governos
pelo contrário, têm o meu desprezo
só a flor me faz dobrar a coluna
para que ela entre em mim.
Onaldo

domingo, 14 de maio de 2017

Temos todo o percurso de Nossa vida em seguras mãos.

Temos todo o percurso de nossa vida em seguras Mãos, e, nelas, a liberdade para brincar. Começo e fim de nossa história estão decididos a nosso favor por Quem nos faz. Chegamos em hora e minuto tal, sem variação, e partimos em igual exatidão de momento. Entrementes, emancipados, chegamos a imaginar que decidimos muito, que é nosso o destino. Vã arrogância!
Na mente de Deus decidido está o que somos de fato, e o palco, papel e máscaras que agora assumimos logo serão recolhidos e só a nossa verdade permanecerá.
Somos os bem que Deus cria para amar, esta é a nossa verdade, dignidade e destino!
Onaldo

Mãe e ação de Deus.

Mãe é a ação de Deus feita visível
e o amor na prática!
Como comemorar um dia dedicado às mães?!
Amando, amando e amando a todas as mães do mundo,
através daquela que nos deu à luz!
Onaldo

sábado, 13 de maio de 2017

Safo de Lesbos


A responsabilidade de cada um.

A responsabilidade de cada um tem o seu tamanho, a de Deus, pela Sua criação, é, portanto, infinita e absoluta.
Seja a nossa vida baseada nessa certeza inabalável, a de que tudo está predestinado ao bem e, nenhum ser há de padecer castigo, alienação, destruição, inferno ou carma algum, já que somos criados como somos por Quem é responsável pelo que cria!
Onaldo

Sinfonias do acaso

Sinfonias do ocaso
Musselinosas como brumas diurnas
descem do ocaso as sombras harmoniosas,
sombras veladas e musselinosas
para as profundas solidões noturnas.
Sacrários virgens, sacrossantas urnas,
os céus resplendem de sidéreas rosas,
da Lua e das Estrelas majestosas
iluminando a escuridão das furnas.
Ah! por estes sinfônicos ocasos
a terra exala aromas de áureos vasos,
incensos de turíbulos divinos.


Os plenilúnios mórbidos vaporam …
E como que no Azul plangem e choram
cítaras, harpas, bandolins, violinos …
CRUZ E SOUSA

Acrobata da dor

Acrobata da dor
Gargalha, ri, num riso de tormenta,
como um palhaço, que desengonçado,
nervoso, ri, num riso absurdo, inflado
de uma ironia e de uma dor violenta.
Da gargalhada atroz, sanguinolenta,
agita os guizos, e convulsionado
salta, gavroche, salta clown, varado
pelo estertor dessa agonia lenta …
Pedem-se bis e um bis não se despreza!
Vamos! retesa os músculos, retesa
nessas macabras piruetas d’aço. . .


E embora caias sobre o chão, fremente,
afogado em teu sangue estuoso e quente,
ri! Coração, tristíssimo palhaço.
CRUZ E SOUSA

Não há vagas

Não há vagas


O preço do feijão
não cabe no poema. O preço
do arroz
não cabe no poema.
Não cabem no poema o gás
a luz o telefone
a sonegação
do leite
da carne
do açúcar
do pão
O funcionário público
não cabe no poema
com seu salário de fome
sua vida fechada
em arquivos.
Como não cabe no poema
o operário
que esmerila seu dia de aço
e carvão
nas oficinas escuras
– porque o poema, senhores,
está fechado:
“não há vagas”
Só cabe no poema
o homem sem estômago
a mulher de nuvens
a fruta sem preço
O poema, senhores,
não fede
nem cheira.
FERREIRA GULLAR

Proposição das rimas do poeta

Proposição das rimas do poeta

Incultas produções da mocidade
Exponho a vossos olhos, ó leitores:
Vede-as com mágoa, vede-as com piedade,
Que elas buscam piedade, e não louvores:

Ponderai da Fortuna a variedade
Nos meus suspiros, lágrimas e amores;
Notai dos males seus a imensidade,
A curta duração de seus favores:

E se entre versos mil de sentimento
Encontrardes alguns cuja aparência
Indique festival contentamento,

Crede, ó mortais, que foram com violência
Escritos pela mão do Fingimento,
Cantados pela voz da Dependência.

                               Bocage

O ciúme

O Ciúme

Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,
Jaz aos pés do tremendo, estígio nume (1),
O carrancudo, o rábido (2) Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.

Traçando o plano de cruéis empresas,
Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.

Pelas terríveis Fúrias (3) instigado,
Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides (4) toucado.

Olhos em brasa de revés me lança;
Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei-lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea (5) trança.

                                Bocage

TARDE DE MAIO

Como esses primitivos que carregam por toda parte o
maxilar inferior de seus mortos,
assim te levo comigo, tarde de maio,
quando, ao rubor dos incêndios que consumiam a terra,
outra chama, não perceptível, tão mais devastadora,
surdamente lavrava sob meus traços cômicos,
e uma a uma, disjecta membra, deixava ainda palpitantes
e condenadas, no solo ardente, porções de minh’alma
nunca antes nem nunca mais aferidas em sua nobreza
sem fruto.
Mas os primitivos imploram à relíquia saúde e chuva,
colheita, fim do inimigo, não sei que portentos.
Eu nada te peço a ti, tarde de maio,
senão que continues, no tempo e fora dele, irreversível,
sinal de derrota que se vai consumindo a ponto de
converter-se em sinal de beleza no rosto de alguém
que, precisamente, volve o rosto e passa…
Outono é a estação em que ocorrem tais crises,
e em maio, tantas vezes, morremos.
Para renascer, eu sei, numa fictícia primavera,
já então espectrais sob o aveludado da casca,
trazendo na sombra a aderência das resinas fúnebres
com que nos ungiram, e nas vestes a poeira do carro
fúnebre, tarde de maio, em que desaparecemos,
sem que ninguém, o amor inclusive, pusesse reparo.
E os que o vissem não saberiam dizer: se era um préstito
lutuoso, arrastado, poeirento, ou um desfile carnavalesco.
Nem houve testemunha.
Nunca há testemunhas. Há desatentos. Curiosos, muito
Quem reconhece o drama, quando se precipita, sem máscara?
Se morro de amor, todos o ignoram
e negam. O próprio amor se desconhece e maltrata.
O próprio amor se esconde, ao jeito dos bichos caçados;
não está certo de ser amor, há tanto lavou a memória
das impurezas de barro e folha em que repousava. E resta,
perdida no ar, por que melhor se conserve,
uma particular tristeza, a imprimir seu selo nas nuvens.
CARLOS DRUMOND DE ANDRADE

O dia embebeda-se de luz.

O dia embebeda-se de luz e arrota cores, bichinhos, a minha alegria.
Arremedo e me abano afogueado, acabo desmilinguido, saciado.
Ambos, o dia e eu, fundidos ao sol, gememos gostoso.
Entrementes, espio a água e ela me sorri desdentada,
Que é para não machucar fragilidade alguma.
Num bolo só, caímos na risada, nessa folia total.
Onaldo

sexta-feira, 12 de maio de 2017

A plenitude de quem somos

Inexoravelmente chegaremos à plenitude de quem somos.
À completitude. Ao deslumbrante desfecho da obra.
Iremos a essa glória sozinhos, mas lá seremos recebidos por uma infinidade de seres.
E a obra perfeita em nós e nesses seres nos encantará eternamente!
Veremos Deus em nós!
Onaldo

Esfriou no serrado

Bom dia!
Esfriou aqui no Cerrado!
Passarinho faz ninho até dentro de casa.
O frio tem cheiro. O céu esmalta o seu azul.
É flor que não acaba mais.
Gosto desses meses, de abril e maio, antes que se instale o tempo da seca.
Bondades exagerando suas graças, é o que desejo a nós!
Beijos,
Onaldo