quarta-feira, 4 de maio de 2016

Eu e Leo Rossetti

[Pendão da esperança]
De: Léo Rossetti
Estou surdo
Não ouço panelas
Não ouço barulho
Nem nas cidades
Nem nas vielas
Onde estão elas
As bandeiras auriverdes?
As camisas esportivas
Os canarinhos militantes
Os bonequinhos irritantes
Sumiram
Estou cego
Não vejo manifestação por justiça
O fim da corrupção já não atiça
Não vejo a tal gente de bem
Reclamar que acabou o vintém
Onde estão aqueles e aquelas
Que bradavam: "Fora"?
Onde estão agora?
Nessa hora que o barco afunda
Nessa hora que o barco inunda
Onde estão os comandantes?
Schettino, vada a bordo!
Estou mudo
As palavras escaparam da boca
Voltaram para dentro
Sufocadas
São tantos os arranjos
São tantos os acordos
São tantas as chantagens
Já não há o que dizer
Se a palavra vier à boca
Já não será mais palavra
Também não será mais boca
Serão vômito e punho
Cuspe e soco
Antes que eu seja manco
Antes que eu seja louco
Pés, marchai!
Braços, erguei!
Antes que seja Franco
Antes que seja o outro
O alemão de bem
O assassino de bem
O genocida de bem
Pés, marchai!
Braços, erguei!
Enquanto puder existir,
Resistir!
Antes que seja tarde
Antes que eu seja morto.

Isso e ter o previlegio de ter um amigo POETA multitalentoso.

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