O calor da boca da noite chegou pesado
trazia malas de solidão e as abriu logo
sentou-se sobre o meu peito e foi puxando prosa
enfarada, sem assunto qualquer
quando viu que não convencia nada
tirou do bolso um grosso álbum de saudades
elas eram colantes, pregavam na vista
roíam os nervos, as tais saudades
contrariedades da vida, algumas alegrias
e o calor, este vampiro dos trópicos
sugou-me, com canudinho de palha
todo o viço, o tesão, a cor, a vontade
até fazer-me ossos brancos e carunchados
abusado, o calor ainda arrota
dizendo que foi bom...
Onaldo Pereira
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