O corpo alimenta a alma,
como se sabe,
e dela é amigo brabo,
como se vê.
A alma pede mais e melhor,
o corpo resmunga, e vai buscar,
o corpo cansa, e dorme,
a alma sonha, e o exaure.
Esses dois se desentendem
como dois namoradinhos bestas,
sem tino que os socorra,
nem conselho que lhes sirva.
Um dia, de tão agarrados,
perdem os limites, enlouquecem,
e não sabem mais quem é quem,
se o corpo é a alma, ou a alma o corpo.
Aí, viram um só, e a morte os alcança,
nesse bem-bom danado, que a irrita,
e, num golpe só, acha que os separa,
mas agarrados de susto, morrem os dois.
Onaldo
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